sábado, 21 de março de 2020

Coronavírus e a sua saúde mental




Coronavírus é, sim, uma situação grave, e sim, merece sua vigilância e atenção. No entanto, a torrente constante de informação, precauções e avisos, sejam diretamente dos órgãos de saúde ou de algum post recirculado e de fonte duvidosa no Facebook, podem realmente afetar a sua saúde mental.
Quando o cuidado vira exagero? Onde se cruza a linha entre estar bem informado e, bem, informação demais?
A boa notícia é que existe um meio-termo entre conscientemente ignorar o maior acontecimento no mundo atual e entrar em pânico total. Aqui estão algumas dicas. Pense nelas como lavar as mãos e distanciamento social, mas para o seu cérebro.
Filtre suas fontes de informação: "Tem um monte de informação por aí. O desafio é tentar determinar quais dessas informações são verdadeiras", diz Lynn Bufka, diretora de pesquisa e diretrizes na Associação Americana de Psicologia. Ela sugere controlar a dosagem de informações seguindo esses passos:
1) Encontre algumas fontes que você confia e mantenha-se a elas. Escolha uma fonte nacional ou internacional, como o Ministério da Saúde e alguma outra mídia local para que você saiba o que está acontecendo na sua comunidade.
2) Limite a frequência de atualização. As coisas podem estar mudando rapidamente, mas isso não significa que você precisa estar pendurado esperando cada novidade. Pense nisso desta maneira: se tem um tornado vindo na sua direção, você precisa de informação o mais breve possível. O coronavírus não é como um tornado, você pode desativar notificações constantes de sites de notícia e redes sociais, se estão te causando mal.
3) Saiba quando se distanciar. "Tente se acostumar a não saber todos os detalhes e se sentir bem com a incerteza", diz Bufka. Ela recomenda deixar o celular longe para não ficar tentado a checá-lo o tempo todo. Bufka diz que ela mantém o celular no carregador quando ela chega em casa para que não fique com ela constantemente, acenando com novas informações.
4) Pratique disciplina com as redes sociais. Não é fácil limitar o tempo que passamos nas redes sociais. Mas é provável que informações e comentários de seus amigos e colegas no seu feed do Facebook é mais incessante do que atualizações reais de empresas de notícias ou organizações de saúde. Bufka recomenda desinstalar aplicativos de redes sociais para que fique mais difícil acessar o conteúdo, ou usar ferramentas para limitar o uso.
Dê nome a seus medos: Uma pandemia é um vilão bastante abstrato, então pode ajudar sentar-se e refletir sobre quais ameaças específicas te preocupam. Você acha que vai pegar o coronavírus e morrer? "O medo da morte é um dos nossos medos existenciais mais profundos", diz Bufka. "Mas você tem que pensar do que é seu medo e o quanto ele é realista". Considere o seu risco pessoal e a probabilidade de você realmente entrar em contato com o vírus.
E, mesmo que seu maior medo se torne real e você ou alguém amado fique doente, você pode não ter pensado sobre o que vem em seguida. Sim, você pode contrair o vírus. Sim, você pode precisar de tratamento. Mas, por mais provável que seja, não é o fim do mundo. "Nós tendemos a superestimar a probabilidade de algo acontecer e subestimar nossa capacidade de lidar com esse acontecimento", diz Bufka.
Claro, você pode ter outros medos mais práticos. "Algumas pessoas podem se preocupar sobre o que aconteceria se eles tivessem que se isolar, ou se eles não puderem trabalhar. Eles imaginam se terão acesso a produtos e serviços essenciais para eles ou seus filhos", diz Bufka. "De novo, as pessoas tem habilidades maiores de lidar com dificuldades do que imaginam. Pense em um plano. Considere suas opções se você não pode trabalhar à distância. Você tem uma poupança? Você tem um sistema de apoio?". Estar preparado para seus medos ajuda a mantê-los do tamanho adequado.
Pense em além de si mesmo: Agir pode aplacar as nossas ansiedades, então você pode considerar o que você pode fazer para ajudar outros que podem ser mais afetados pela epidemia do que você. Trabalhadores das áreas médica, de serviços, entregas, restaurantes ou entretenimento podem ter seus sustentos cortados, ou terem de se colocar em perigo desnecessário. "Será importante para nós, como comunidades, pensar em como podemos apoiar esses indivíduos cujas vidas serão afetadas", diz Bufka. "Como podemos aliviar esse fardo e prestar auxílio àqueles que têm menos opções?".
No final, a maior parte das precauções para conter a transmissão do vírus não é só para você, como indivíduo. Elas são pensadas para manterem a segurança de comunidades inteiras e grupos de risco. Fazer o mesmo pode ajudar você a ver os efeitos reais da situação, ao invés de seus medos abstratos.
Procure ajuda, mas de maneira sensata: As pessoas irão falar. Mas, se você quer correr até um amigo para discutir os últimos casos confirmados ou os planos de contingência da sua família, tente não criar eco. "Se você está se sentindo ansioso ou sobrecarregado, não vá, necessariamente, até alguém que está sentindo o mesmo nível de medo", diz Bufka. "Procure alguém que está lidando com isso de maneira diferente, que pode checar seus sentimentos e oferecer conselhos".
Se você não está conseguindo controlar seus pensamentos, ajuda profissional pode ser uma opção. "Não precisa ser uma coisa a longo prazo", aconselha Bufka. Pode ser só uma orientação para essa situação específica".  
Preste atenção a suas necessidades básicas: Resumindo, não fique tão preocupado com o coronavírus ao ponto de esquecer as práticas essenciais e saudáveis que afetam seu bem-estar diário. "Em tempos de estresse, nós tendemos a minimizar a importância da nossa rotina, quando nós deveríamos estar prestando mais atenção nisso, na verdade", ressalta Bufka. Certifique-se de que está:
- Dormindo adequadamente
- Mantendo uma alimentação saudável
- Saindo de casa tanto quanto possível
- Fazendo atividade física regularmente
Praticar manter-se consciente, meditação, ioga ou outras formas de cuidado pessoal podem também te ajudar a centrar-se nas suas rotinas e cotidiano, e evitar que sua mente vagueie ao desconhecido sombrio e, muitas vezes, irracional.
Não se repreenda por se preocupar: Finalmente, não deixe que a culpa se torne uma companheira indesejada para sua ansiedade. Você tem o direito de se preocupar e de se sentir mal. Quando discutimos como falar com crianças sobre o coronavírus, especialistas de saúde disseram à CNN que as pessoas devem reconhecer os medos da criança e deixá-la saber que seus sentimentos são válidos. Essa mesma compaixão deve ser oferecida a você mesmo. A chave é trabalhar para entender e contextualizar seus medos para que eles não te impeçam de viver sua vida de maneira saudável.


Fonte: https://cnnbrasil.com.br/, visita em 17.03.20 (com adequações).


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