segunda-feira, 14 de março de 2011

Diferença entre causais e explicativas - 9º Ano

Vou começar por lhe apresentar exemplos, passando, depois, à explicação.

1. Exemplos de orações subordinadas causais:
a) Não almoço  porque não tenho fome. = Como não tenho fome, não almoço.
b) O Vítor domina o vocabulário  porque lê muito. = Como o Vítor lê muito, domina o vocabulário.
c) A Marta não comprou o vestido  porque era muito caro. = Como o vestido era muito caro, a Marta não o comprou.
d) O menino caiu  porque ia distraído. = Como ia distraído, o menino caiu.
e) Aplaudiram o orador  porque o discurso foi brilhante. = Como o discurso foi brilhantes, aplaudiram o orador.

2. Exemplos de orações coordenadas explicativas:
a) Sobe, que te quero mostrar uns livros. = Sobe, pois quero mostrar-te uns livros.
b) Come a sopa toda, que está muito boa. = Come a sopa toda, pois está muito boa.
c) Não tenhais medo, que o mundo não acaba agora. = Não tenhais medo, pois o mundo não acaba agora.
d) O Manuel tem dinheiro, pois comprou um carro novo.
e) O pai já está deitado, pois as luzes estão apagadas.


1. A oração subordinada causal tem uma relação de dependência em relação à principal, apresenta um motivo, uma causa da ação, do acontecimento, da ocorrência referida nessa oração principal. Nos exemplos que dei com orações subordinadas causais, é visível essa dependência entre a causal e a principal:

a) O facto de não ter fome é a causa, o motivo que leva a pessoa a não almoçar.
b) O facto de o Vítor ler muito é a causa, o motivo, que o leva a dominar o vocabulário.
c) O facto de o vestido ser caro foi o motivo, a causa, que levou a Marta a não o comprar.
d) O facto de o menino ir distraído foi a causa da sua queda.
e) O facto de o discurso ser brilhante foi a causa dos aplausos.


2.  A oração coordenada explicativa também apresenta, pois, um motivo ou uma causa, mas não da ocorrência referida na oração anterior, e, sim, do motivo que leva o emissor a referir aquela acção, a fazer aquele pedido, a dar aquele conselho, etc. Vou considerar, então, cada uma das orações coordenadas explicativas que apresentei acima:

a) A acção de querer mostrar os livros não é a causa da acção de subir; é a causa do pedido de que suba. Quem fala quer mostrar os livros, quer o outro suba, quer não. A oração “que te quero mostrar os livros” justifica o facto de o emissor ter feito o pedido, justifica algo que não está sintacticamente expresso.. Assim, estas duas orações são independentes entre si e poderiam formar dois períodos: “Sobe. Quero mostrar-te uns livros.” Se quiséssemos explicitar a dependência da explicativa em relação ao discurso, poderíamos construir um período complexo, aí, sim, pondo no mesmo nível todos os elementos em relação e subordinando-os uns aos outros: “Peço-te que subas, porque te quero mostrar uns livros.” Neste período, a oração “porque te quero mostrar uns livros” é subordinada à oração “peço-te”, exprimindo a causa desse pedido.

b) O facto de a sopa estar muito boa não é a causa de a pessoa a comer; é o motivo que leva o emissor a aconselhar o receptor a comer a sopa. Como independentes entre si, estas orações poderiam constituir dois períodos: “Come a sopa toda. Ela está muito boa.” Para ver a relação entre o que está explícito e o que não está, poderíamos também construir um período complexo, com orações subordinadas: “Aconselho-te a que comas a sopa toda, porque ela está muito boa.”

c) O facto de o mundo não acabar agora não é a causa de as pessoas não terem medo; é o motivo que leva o emissor a tranquilizar as pessoas. Como independentes, estas orações poderiam formar dois períodos, sem prejuízo do sentido: “Não tenhais medo. O mundo não acaba agora.” Poderíamos também pôr os valores semânticos todos no mesmo plano, o das orações, e interligar essas orações por subordinação: “Como o mundo não acaba agora, acho que não deveis ter medo.”

d) O facto de o Manuel ter comprado um carro novo não é a causa de ele ter dinheiro; é a causa da dedução que o emissor faz a respeito daquela ocorrência da compra do carro. Se construir um período complexo em que esteja claro o que ficou subentendido com a utilização da explicativa, poder-se-ia, então, explicitar essa subordinação: “Como o Manuel comprou um carro novo, eu penso (eu deduzo) que ele tem dinheiro.” E a oração subordinada causal (o Manuel ter comprado um carro novo) apresenta o motivo, a causa que me leva a pensar que… (“eu penso, eu deduzo”).

e) O facto de as luzes estarem apagadas não é a causa de o pai estar deitado; é o motivo que o leva a pensar, a deduzir, a supor que o pai já esteja deitado. Se construir um período complexo em que esteja claro o que ficou subentendido com a utilização da explicativa, poder-se-ia, então, explicitar essa subordinação: “Como as luzes estão apagadas, penso que o pai já está deitado.”



As orações causais e a pontuação
- posição inicial (com vírgula):
Porque estava a chover, resolvi ficar em casa.
- posição medial (com vírgula a delimitar o início e o fim):
Resolvi, porque estava a chover, ficar em casa.
- posição final (sem vírgula):
Resolvi ficar em casa porque estava a chover

Orações coordenadas explicativas e a pontuação – separadas por vírgula.
Sobe, que te quero mostrar uns livros


Fonte: http://portuguescolegiao.wordpress.com/2009/05/19/diferenca-entre-oracao-causal-e-explicativa/

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